Agilidade na confecção de roupas!

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agile scrum xp
10 August 2008

Ontem a tarde descobri uma coisa interessante: Agilidade é coisa de mulher!

Brincadeira! Mas de fato, em uma conversa ontem com a patroa descobri que as mulheres (pelo menos ela) tem mais facilidade pra entender alguns principios da agilidade do que muitos homens.

Estavamos conversando sobre nossos trabalhos (ela trabalha com logística/compras) e caimos no papo de projetos em geral e no porque especifíco da maioria dos projetos de software falharem. Expliquei pra ela que um dos motivos é a utilização de modelos em cascata onde em um projeto de 12 meses o fornecedor fica 4 meses junto com o cliente no início do projeto e só da as caras novamente 8 meses depois com um software (ou parte dele apenas) fresquinho funcionando.

Foi incrível que no momento que terminei de explicar o processo em cascata e ia começar a falar a respeito de agilidade ela me interrompeu (ela não sabe nada de software) e traçou um paralelo MUITO legítimo que serve como um ótimo exemplo da aplicabilidade de métodos agéis. Explico:

No tempo livre ela pratica dança do ventre e, esse ano junto com seu grupo de dança, ela participou de duas apresentações abertas ao público. Para isso, o grupo teve que encomendar roupas sob medida e combinando até certo ponto entre si. Foi ai que os problemas começaram. Apesar de seguirem um modelo básico -como quando construimos softwares diferentes para o mesmo seguimento de empresas- cada roupa tinha suas peculiaridades -assim como as regras de negócio especifícas de cada empresa-. Ela passou as necessidades de sua roupa pra professora do grupo -podemos chamá-la de analista de negócios- e essa por sua vez especificou para as costureiras da empresa fornecedora -os programadores!- como o cliente queria a roupa. Conversaram uma ou duas vezes na primeira semana e depois de aproximadamente 3 meses a roupa estava pronta e perfeita!

Será que estava mesmo?

É claro que NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

(Até então eu imaginava que processos em cascata falhassem só em projetos de software, mas pelo jeito parece que não)

Já com a roupa nas mãos e p*** da vida por ter gasto uma grana preta com a roupa (acreditem, custa caro) que apesar de seguir um esqueleto básico e padronizado não estava nem perto de estar pronta (tamanho, cores e acessórios errados) ela entrou em contato com o fornecedor. Apesar dos problemas ela imaginou que seria possível consertar a roupa a tempo da apresentação que iria acontecer em 1 mês. No entanto, ao final desse mês e no dia da apresentação a roupa tinha sido consertada, mas ainda estava cheia de problemas -assim como as milhares de não conformidades de software feitos por esse processo-. O jeito foi se apresentar do jeito que estava (meia boca) -ida a produção!- e ainda hoje (6 meses depois) ela ainda esta brigando com as costureiras pra ter a roupa 100%.

O mais interessante é que depois de me contar essa história, ela mesmo conseguiu chegar a solução mais óbvia (que ainda não entra na cabeça da maioria das pessoas no nosso mercado de software) que havia pra evitar ou diminuir os problemas com a roupa: provar semanalmente a roupa junto com as costureiras ao invés de ver apenas o resultado final depois de um tempão. Ou seja, abstraindo um pouco mais temos: ITERATIVIDADE, PARTICIPAÇÂO DO CLIENTE, ACOMPANHAMENTO FREQUENTE e muitos outros príncipios da agilidade.

A idéia dessa analogia que nem saiu da minha cabeça não é mostrar que é possível fazer roupas com metodologias agéis, mas sim o quão prejudicial é desenvolver software sob medida de forma cascateira. Ser ágil, ou ao menos iterativo é muito fácil e os benefícios são claros.

Ultimamente tenho conversado bastante com pessoal da área comercial e todos confirmam o que nós consultores já sabemos: os clientes estão cansados de perder dinheiro com projeto de software! Acredito que agilidade ainda não é uma coisa mais bem aceita e padronizada no Brasil porque a maioria dos clientes compradores de software ainda não sabem que uma alternativa a processos cascata e escopo fechado existe.

Sendo assim, por meio desta analogia das roupas ou por esta outra do Alexandre Magno ou ainda com esta do Vinicius da Improve IT nosso papel é evangelizar os clientes e promover métodos agéis, pois somente desta forma essa bagunça que é nosso mercado hoje vai mudar!


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